30 de jul. de 2009

Sobre preconceito e memorias

1º lugar, eu não sigo o Danilo Gentili no meu twitter. Ou seja, não vi a já famosa mensagem quando ela foi escrita. Claro, apenas vi os comentários a respeito e as notícias relacionadas ao fato, como por exemplo, o Ministério Público investigando se a piada foi racista, a Opinião de Hélio de La Peña sobre o caso e ainda o Danilo disponibilizando na internet um manual de piadas sobre negros.

Minha opinião: Eu fiquei incomodado quando li a piada. E por conta disso, aqui cabe uma história verídica que acontecera faz dois anos atrás ilustrando da onde vem meu incomodo. Isso ocorrera após passar uma noite com minha namorada e amigos em um bar em São Paulo. Era  aproximadamente 11 horas da noite e estávamos na Av. Goiás, principal via de acesso da Cidade de São Caetano do Sul, voltando para minha casa. Perto do portão 1 da GM, existe uma seqüencia de semáforos muito próximos  um dos outros. Eu estava andando no limite da velocidade da via com um dos carros da Família, enquanto a aproximadamente 25 metros e andando na mesma velocidade vinha um 206 dirigido por um “Motorista” qualquer. Ao chegar na seqüencia de semáforos mencionados, o primeiro ficou amarelo logo que eu passei. O segundo ficou amarelo quando eu estava bem próximo. Neste momento parei meu carro com uma freada mais forte, porém não tão brusca como poderia ter sido. Porém, o 206 que estava atrás acelerou ao passar no primeiro semáforo, e deve ter pensado que eu iria passar o segundo. Quando eu parei na sua frente, pelo retrovisor eu vi ele fazendo um movimento rápido e ultrapassou o carro onde eu estava e passou o sinal. Só que existia um terceiro sinal logo a frente, e ele teve que parar pois este ficava vermelho junto com o segundo.

Depois disso, tanto eu quanto o “motorista” esperamos o sinal abrir. Quando abriu, para minha surpresa, o carro dele começou a andar bem devagar. Percebi que ele estava esperando chegar próxima para arrumar algum tipo de confusão. Comecei a andar bem devagar também, evitando ultrapassa-lo para ouvir qualquer coisa e evitar uma confusão. A minha namorada, que estava ao meu lado, não tinha percebido isso e comecei a explicar para ela. Preocupada, ela falou para eu passar e ignorar qualquer coisa que seria dito pelo individuo. Só não esperava o que eu iria ouvir. Cheguei bem próximo e acelerei. Foi quando ele falou: “Seu MACACO filho da puta”. Ao ouvir a palavra macaco, eu acionei o pedal do freio, mesmo com minha namorada falando para passar. Logo em seguida, veio: “tinha que ser um negro”. Dessa vez, tinha me enfurecido. O 206, que estava um pouco atrás neste momento, acelerou. Eu acelerei durante 200 ou 300 metros e segui ele em alta velocidade. Até novamente nós pararmos em outro semáforo, isto já na Rua Alegre, acesso para Santo André. Eu não parei do lado dele, mas sim atrás do 206. Nisso, ele falou pelo menos mais uma frase que dói até hoje de lembrar: “Você é um negro de merda, não sabe nada. Eu sou branco”. Minhas reações, que até então eram motivadas pela raiva destes comentários, esvaíram para um comentário irônico: “Estou vendo que você é um branco que pensa!”. Ao dizer isso, o sinal abriu. E nisso, o individuo deu ré no carro, que estava a menos de um metro do meu, encostou na frente do carro que eu dirigia e disse: “Eu sou branco!” e virou a esquerda logo após o sinal. Eu falei algo na linha: “Você é realmente um branco inteligente, evitou a colisão antes e agora bateu no meu carro!”. Após isso, tudo ocorreu bem durante o caminho. Exceto meus lamurios e esbravejos que foram ouvidos pela minha namorada, também pasma por tudo que ocorreu.

Eu lembro deste fato quase diariamente, e agora tenho lembrado ainda mais, com tantos comentários em todos os lugares. O que eu acho: não creio que Danilo Gentili foi preconceituoso. Ele não teve a intenção de ofender. Foi uma piada que muitos acharam sem graça, inclusive eu. E que carrega uma “cultura do preconceito” que não exclusividade nossa. Isto é histórico e vem de longe. Entretanto este não é o foco. Preconceito é algo muito sério e que deve ser coibido, seja preconceito de raça, cor, sexo ou religião. Só não usem o Danilo como bode expiatório. No máximo isso só parece um grande mal entendido. O que não é o caso da minha história. Infelizmente.

15 de jul. de 2009

A “bastilha” da TI

Alguns eventos são marcos históricos da ascensão de povos ou pessoas dentro de sua sociedade. Esta semana, um dos maiores eventos da história francesa foi comemorado. É a famosa Queda da Bastilha, que foi marco da Revolução Francesa.

O que a queda da Bastilha fez ser uma marco cultural tão forte na França? Por se tratar de uma prisão que tentava cercear a liberdade dos adversários políticos e de muitos liberalistas que lutavam contra o sistema imposto durante o século XVII. (Você pode ver texto completo aqui no Historianet)

A lembrança da queda da Bastilha serve como simbologia para dois lançamentos do Google e da Microsoft que ocorreram nesta semana. Um é o anúncio do desenvolvimento do Google Chrome OS. A intenção clara do Google é avançar em uma área do Windows falha: Sistema Operacional para equipamentos móveis de pequeno porte, como Netbooks, que são desenvolvidos para navegação Web. A Microsoft não confia nesta estratégia.

Do lado da Gigante administrada por Steve Ballmer, temos o Bing, substituto do Live Search e que, por conceito, tem como fator organizar as buscas de forma mais organizada em relação ao Google, tomando parte do mercado próprio (veja aqui overview do IDG NOW).

Ambas as empresas tentam sua revolução em cima da outra. Cada um foca naquilo que a outra é campeã disparada (SO e Busca na Web). Seria uma delas a Bastilha da outra? Qual produto tem poder para ferir os investimentos da outra e causar alguma revolução? Fica muito difícil saber isso, como foi bem escrito no Blog dos Blogs do IDG NOW, além de detalhar mais fatores em relação a este duelo. Que não é tão nobre e idealista quanto foi na época da revolução francesa, mas tem seu charme e sua coincidência de datas.

9 de jul. de 2009

Brasileiro de problemas...

É triste verificar que o produto que deveria ser o mais importante do nosso futebol não é tratado como tal. Graças a um calendário que não privilegia o maior e mais importante torneio (bem ilustrado neste post de abril do Blog Olhar Cronico Esportivo).

Uma das coisas que mais me espanta é a falta de capacidade de quem organiza o torneio de gerar renda em cima do produto que tem. No caso, a CBF. Em qualquer outra parte do mundo, este torneio teria ua gestão forte e agressiva, pois o retorno de mídia de praticamente todos os times é garantido, seja em ambito local ou nacional.

Um exemplo que mostra onde a CBF perde muito dinheiro foi o último relatório da Consultoria Deloitte, sobre o Mercado Europeu de Futebol. É de espantar com os números, mas que são claras consequencias das politicas de gestão esportiva implantada na maioria dos clubes, em conjunto com as politicas públicas adotadas por alguns países, como a Inglaterra, que colhe os frutos da Relatório Taylor, muito embora este relatório só tenha sido elaborado após a tragédia em Hillsborough (link em inglês), e a Alemanha, que utilizou a bem-sucedida Copa do Mundo como impulso para transformar a Bundesliga na segunda maior liga em geração de receitas da Europa.

No Brasil, a coisa é bem diferente. Graças algumas convenções tolas, houve uma desvalorização do Campeonato Brasileiro em relação aos torneios em formato de Copa, como Copa do Brasil e Libertadores. Como as receitas de muitos clubes estão atreladas ainda a receita da TV, e a TV depende dos números de audiência para mensurar o valor do Campeonato, é extremamente interessante para quem tem os direitos de transmissão (no caso da Globo) de passar o jogo de mais interesse. Ok, muitos irão dizer que ela faz o certo. Do ponto de vista comercial sem dúvida. A questão é o futebol é movido pela paixão dos torcedores, e os clubes não trabalham pela paixão deles. E sim para números de audiência de quem tem os direitos das partidas. Com a conivência da CBF, que participa diretamente nas decisões de caracter economico do Futebol Brasileiro, mesmo não sendo necessário, em não mudar o calendário para um formato que privilegie o produto principal, a Globo tem totais poderes dentro das competições que transmiste, uma vez que ela tem direito em todos os campeonatos importantes do Brasil.

Está desvalorização fica evidente quando um time como Corinthians está na Final da Copa do Brasil, atraindo toda atenção da Midia para este evento, sendo que o Campeonato Brasileiro está em seu inicio, e no momento que deveria ser de apresentação das grandes equipes para todos. Ou seja, existe a subvalorização de um produto em detrimento de outro, que tem retorno de midia alto, porém curto, pois são apenas dois jogos entre os clubes em todas as fases. Enquanto um campeonato voce enfrenta todas as equipes do torneio, totalizando mais de 30 confrontos.

Assim, o Brasileirão só começa de fato após o fim da Copa do Brasil e da Libertadores da América. Isso até o dia que a Copa Sulamericana tornar objeto de desejo de clubes aqui do Pais.

Finalizando, a equação CBF, Globo e Clubes com suas atuais administrações não estão gerando o devido valor aquilo que é mais importante para o futebol: o torcedor e sua paixão, sem dar também exposição e estrutura necessária para o produto que deveria ser de maior exposição, que é o Campeonato Brasileiro.