28 de nov. de 2009

Uma guerra, um jogo

Josep Sunyol era um visionário de esquerda em um período tenso na Espanha, na época do ditador Primo de Rivera. Foi fazendo carreira como advogado, jornalista e  politico. E tinha uma paixão enorme pela Catalunha. Abraçou esta paixão através do maior figura deste povo, o F.C Barcelona. Foi diretor do time na mesma época que formou um jornal chamado La Rambla, de vertente esquerdista. Um alvo em potencial para um cenário político tenso e cheio de espinhos, ainda mais atingindo vôos mais altos, como a presidência do Barça em 1935.

E após tantos fatos que marcaram o cenário político espanhol, com as complicadas eleições de 35 e a conspiração que culminou com a morte de José Calvo Sotelo e o golpe militar que levou o General Francisco Franco ao poder, para insurgência da Catalunha contra este ato e posteriormente guerra civil que perdurou uma matança desenfreada na década de 30. Um dos primeiros alvos do General Franco foi o presidente Josep Sunyol, assassinado pelo soldados de Franco na região Sierra de Guadarrama.

E assim começou o período de 40 anos de dominação de Franco e sua perseguição contra o povo da Catalunha, que perderam a guerra e sofreram as consequências disso. Qualquer forma de expressão referenciando aquela região era devidamente banida. Por conta disso, a bandeira Catalã foi retirada do escudo do Barcelona durante este período.

E neste período, Barcelona e Real Madrid continuavam a protagonizar duelos de grande rivalidade e disputando títulos. Porém, um deles foi marcante, pela interferência política que teve. A Copa do Rei, que no período de Franco era chamada Copa del Generalísimo, foi marcante para o time em 1943. No primeiro jogo da semifinal, o Barça venceu o jogo de ida por 3 a 0. Com o resultado marcante, apenas um milagre classificaria o time merengue. Porém, o General Franco visitou o time do Barcelona e deu um lembrete que eles só estavam ali por conta do Regime por ele administrado. Resultado, o Real Madrid ganhou o jogo de volta por 11 a 1.

Para Franco, o Real Madrid não poderia perder nunca do Barça. O Real Madrid foi utilizado durante este período como peça chave para representar o poder da capital e do regime em cima dos demais. Isso politizou demais o derby mais importante e levou ao espetáculo futebol o clima de guerra para as equipes. A ponto de que a contratação de jogadores como Di Stefano fossem verdadeira batalhas morais pelas diretorias.

Amanhã, mais um capitulo desta epopéia ocorrerá. Para muitos jogadores, nada desta pequena história que mencionei será lembrada por eles. Mas muitos daqueles que estarão nas poltronas do estádio sabem destas e outras histórias que marcam esta novela cheio de capítulos movido a sangue e suor, literalmente. Se bem que hoje em dia, o suor transforma-se em belas jogadas, e é isso que espero que aconteça. Como pode ser visto abaixo: