7 de mar. de 2009

Excomunhão de idéias

O que aconteceu no dia 19 de abril de 2005, quando o conclave fez a eleição definitiva que escolheu o substituto do Papa João Paulo II, foi a mudança de uma postura a favor do dialogo e da paz pela posição mais dogmática e baseados nos princípios mais tradicionais da Igreja, tendência defendida pelo Papa Bento XVI em toda sua história com membro do catolicismo. Isto terá muito a ver com o tema que será discutido depois.

Chegamos ao dia 27 de fevereiro de 2009, onde um caso de estupro no Estado de Pernambuco iria ter gigantesca proporção quando confirmada que uma menina de 9 anos ficará grávida de Gêmeos após ser violentada pelo seu Padrasto. Segundo os médicos, a menina corria sérios riscos de vida caso a gravidez fosse completada. Portanto, seguindo as leis Brasileiras, foi requerido o Aborto desta gestação. No dia 6 de fevereiro, chegará a mídia a notícia da excomunhão de todas as pessoas envolvidas diretamente com o caso. Apenas a criança de 9 anos não foi excomungada.

Ou seja, dentro da postura cascateada na Igreja Católica durante estes anos em que Joseph Ratzinger assumiu o poder, não é nenhuma surpresa o fato ocorrido em Pernambuco. Assim como também não é surpresa alguma a revolta e indignação geradas por este acontecimento.

O que eu consigo enxergar sobre este episódio é, a Igreja Católica nos últimos 3 anos adotou uma postura muito mais conservadora e deixou de lado aspectos mais humanos para enfatizar sua visão doutrinal das mais antiquadas, sem utilizar o papel de elemento integradora na sociedade, e sim de mera instituição reparadora, que puni e aponta culpados para aqueles que não seguem seus conceitos. Analisando esta minha percepção dentro deste caso a conclusão que eu tiro é que o estupro é um pecado mortal, que vai contra o que diz os 10 mandamentos fundamentais da Igreja, porém, ele é menor do que um aborto, pois segundo a Igreja, a retirada de uma vida humana é um ato condenável, independente da forma e da motivação, mesmo que salve uma vida e o feto não seja reconhecido como um ser humano pela visão da ciência.

E neste ponto, entramos numa série de discussões que tomam o tempo de filósofos que apóiam os princípios eclesiásticos e dos cientistas sobre a concepção da vida. E ai também entra o ponto fundamental deste texto. O Vaticano não enxerga motivos para discutir este tópico dentro da sociedade civil, cerceando a oportunidade de avançar no seu dialogo interno. E este é um problema secular da Igreja. Entretanto, que teve avanço muito maior entre as décadas onde João Paulo II era autoridade máxima da instituição católica, para agora retroceder décadas e décadas dentro da visão tradicional já citada pelo atual Papa.

Resumindo: A Igreja Católica poderia retornar discussões que possam ampliar seus conceitos e derrubar barreiras que poderiam construir um mundo melhor, onde os fiéis entenderiam melhor o seu papel e não teriam medo da punição divina, e sim da colaboração como forma de melhorar o mundo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Acho que não é bem essa a função do arcebispo, ele foi fiel aos princípios que sua igreja defende. É absurdo 'condenar' uma menina de 9 anos e uma equipe médica por um aborto, esquecendo todas as consequencias do aborto e do estupro em uma criança dessa idade ? Claro que sim, é um absurdo!

Mas são esses os dogmas que a igreja defende, a santidade da vida (mesmo que biologicamente, cientificamente, inexistente... ou que seja vida intrauterina). Quem não defende esse dogma não é católico.

Logo a crueldade não é do arcebispo, ou do papa (seja ele o velho ou o novo papa)... A crueldade está nos dogmas dessa instituição que tem mais de mil anos, sem serem revistos.

Metheoro disse...

Como eu disse no Twitter:

Eu rezo TODO SANTO DIA pra o capeta, buda, o talebã, um cometa enfim... qualquer coisa, arrase com a cara da igreja católica.

NINGUÉM MERECE professar a fé, dizer que prega o amor e o respeito, quando se está calcado num sem cem de preconceitos.

Ninguém merece mesmo.

Abraços
Metheoro

Elise disse...

Acredito que tal queda de barreiras seja impossível, mesmo quando outro papa assumir o Vaticano. Porque os dogmas são seculares, teoricamente não podem ser mudados, pois isso levaria a uma revisão de todos os outros dogmas (lembrando que na ICAR não são abertas exceções, nem mesmo pra salvar a vida de uma criança de 9 anos), e a uma consequente crise, aberturas de concílios... dá mais trabalho rever dogmas ultrapassados do que manter a postura inflexível e até mesmo cruel a que estão acostumados. O problema nesse caso passaria a ser a autoridade da Igreja, e não se Deus está contente com seus fiéis e suas ações.
Ainda bem que nosso Estado é laico, não depende de decisões religiosas para tomarmos decisões que possam melhorar a "condição de vida" da sociedade.