16 de mai. de 2009

Quando a lágrima não caiu

Instigado pelo post do Alexandre Inagaki sobre este assunto, relembro dos meus pensamentos naquele época.

Período estranho, uma época de provas nas faculdade, de muito suor para terminar o meu relatório de estágio e de sensações que antes nunca tinha vivenciado.

Nos meus 15 anos, minha revolta era com o mundo. Aos 18, a revolta foi comigo mesmo. Mas, naqueles dias, a revolta sucumbiu ao medo. Pois eu senti que o mundo tinha se revoltado contra mim. Os olhares eram de terror. No Metro, um olhava para o outro como se em algum momento um estudante iria tirar um coquetel molotov da bolsa. Isso era surreal.

Como surreal foi eu ser preso naquele dia. Sim, pois ao chegar na faculdade, descobri que as aulas foram suspensas devido aos ataques, e que eu estava em um potencial alvo de ataque! Isso não existia.

Assim como não existiu o momento de chegar em casa e perceber que minha familia não tinha vivido o dia, pois o dia deles foi marcado pela preocupação desde a hora que eu sai de casa. Eu, sem perceber, fui refém do mundo.

Ao passar por esta situação, lembrei da Irlanda e seus problemas entre Católicos e Protestantes. Lembrei todo o sofrimento que o povo Palestino e o Israelenses sofrem devido a guerra pelo poder entre ambas a partes. Lembrei da repressão que o Chineses sofrem pelo sistema de governo que lá é imposto, de controle total e liberdade moderada. Cada lembrança era referente a um pouco do que eu vi nos jornais, nos sites e até mesmo naquilo que presenciei.

A noite, eu entendi o que tinha acontecido. Nossas instituições haviam falhado, nosso governo falhou, eu falhei. Todos falharam. 3 anos depois e todos os mesmos que estavam no poder naquela época ainda falham. E a raiva por aquele momento virou uma lágrima, que nunca chegou a rolar pelo meu rosto, mas lavou a minha alma por dentro.