Eu adoraria ser FreeLancer no final do ano. Afinal de contas, eu estaria livre ir do compromisso de ter que ir para a festa da firma.
“Festa da firma?” Isso deve ser coisa de paulista mesmo, que deve adorar pronunciar “Firrrrrrrma”. Se dependesse dos cariocas, as festas não seriam da “firma”. E não é só a questão regional que iria contar, mas também a questão temporal. Talvez porque a palavra “firma” relembre as velhas e boas linhas de montagem, com os seus valentes “peões” mostrando todo seu “expertise” para apertar uma porca ou alinhar uma válvula. Hoje dia, por tudo isso, as festas da firma seria compostas pelos cinqüentões chefes, que a 20 anos atrás eram os homens que Ford adoravam e que talvez não saibam quem seja Drucker.
Tirando a discussão ora etimológica, ora temporal, no fim do ano sempre existe o bochicho sobre como será a festa da firma. Em alguns locais, a discussão é se o budget proposto será o suficiente para contratar o NX Zero ou o Jota Quest. Em outros, se a chefia iria liberar a festa depois de tanta pressão durante o ano todo para aumento e melhoria de salários. E se toda chefia analise o clima dentro da empresa para dar uma festa? Provavelmente as áreas de projeto e desenvolvimento iriam ficar em lados opostos, os publicitários teriam que ter um espaço só para o ego deles, a área de TI ficaria de fora por que nada funcionou durante o ano e por ai vai. Ainda bem que isso não acontece.
O que por ventura ocorre são festas departamentais, para diminuir o perigo. Afinal de contas, você está entre amigos e não terá problema em dançar um pouco além da conta. Mas pode ser que aquela funcionária mais linda do setor tenha levado um amigo de fora para fazer companhia e ele leva seu smartphone no bolso. Logo, na segunda feira após a festa, o setor inteiro descobre o vídeo intitulado “Souza dançando Macarena” após este ser postado em algum blog de “comida árabe” na Internet.
Mas na maioria das vezes a festa é da empresa inteira. “Cuidado, Bino!” alguns irão dizer. O perigo mora ai. Você estará no mesmo ambiente em que muita gente que esqueceu o bom senso em caso. Você poderia encontrar no meio da festa a Claudinha, aquela estagiará que virou coordenadora justamente após sair com o gerente na festa do ano passado. E como bom profissional que encontra este tipo de pessoa após a décima rodada de Original, você olha nos olhos dela e disse educadamente:
“Sua puta! Só dando para o chefe para chegar aonde chegou…”
Existe a lenda dos cartões azuis no dia seguinte as festas, mas creio que isso é só lenda. Se bem que a partir do momento que entramos no quesito bebida, a conversa fica tensa. Fica tensa no primeiro momento quando os funcionários descobrem que a cerveja é da marca “Zunda” e fazem uma pequena greve na terça feira para impedir algo parecido no próximo ano. O contra ponto é que quando a empresa faz um agrado aos seus funcionários e serve vinho Cabo de Hornos sendo “degustado” diretamente no gargalo. Mas isso faz mais estrago para o líder da equipe responsável pela festa do que propriamente para alguém da diretoria da companhia. Este mesmo responsável pela organização que morre ao ver seu Foie Gras feito com todo carinho dentro de um pão francês acompanhado da seguinte frase: “Onde está a coxinha?”
E a bebida parece não ter fim. E o que todo mundo espera na festa começa acontecer. Chega o momento do Happy Hour. A secretária da empresa começa dançar com o moço da fotocópia, o diretor de marketing começa a dar em cima da mulher do diretor de assuntos estratégicos e o presidente da empresa leva um pisão de um estágiario, após o discurso que o próximo ano será o melhor de toda a história da empresa. Para completar a “putaria”, o troféu do melhor funcionário do ano é utilizado como “Garrafa” na famosa dancinha…
E assim acaba este programa de índio para alguns, após o alerta “Vexame Mode On” ativado por alguém, que voce com certeza não lembrará quem foi. Mas depois disso tudo, eu fico pensando por que eu sou FreeLancer e não participo destas festas??? Acho que eu nunca vou conhecer o lado negro da força…